Se você já leu uma descrição de vinho ou participou de uma degustação, provavelmente ouviu alguém dizer: “Esse vinho tem uma bela mineralidade.” Mas… o que isso realmente significa? O vinho tem pedra dentro? Tem gosto de terra molhada? De giz?
A verdade é que “mineralidade” é uma das palavras mais usadas — e mais difíceis de definir — no mundo do vinho. E quando falamos de vinhos da Borgonha, essa característica parece estar em todas as conversas.
Neste artigo, vou te explicar o que é mineralidade no vinho, por que ela aparece com tanta frequência na Borgonha e como identificá-la na taça, mesmo sem precisar ser um especialista.
O que é mineralidade no vinho?
Mineralidade é um termo usado para descrever sensações aromáticas ou gustativas que lembram elementos minerais: pedra, giz, fósforo, cascalho molhado, salinidade, terra seca após a chuva… Não é exatamente um sabor, nem apenas um aroma — é mais uma sensação de boca, um frescor, uma tensão ou até uma leve picância e salinidade, que remete à pureza e ao solo de origem.
É importante saber: não existem “minerais” detectáveis quimicamente no vinho em quantidade suficiente para justificar esses aromas ou sabores. Ou seja, quando dizemos que um vinho é mineral, estamos usando um termo sensorial, não científico.
Por que se fala tanto em mineralidade na Borgonha?
A Borgonha é uma região com solos extremamente variados e ricos em calcário, argila, fósseis marinhos e pedras de diversas eras geológicas. Esse solo — combinado com o clima mais fresco e a viticultura cuidadosa e pouco intervencionista — contribui para vinhos de boa acidez, baixa intervenção e expressão pura do terroir.
Muitos vinhos borgonheses, especialmente os brancos de Chablis, Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet, ou Saint-Aubin, são frequentemente descritos como “minerais”, graças à sua textura precisa, frescor vibrante e perfil limpo.
A mineralidade, na Borgonha, está intimamente ligada ao terroir: os solos calcários ajudam a criar vinhos com essa sensação quase pedregosa, que parece “cortar a língua” de tão fresca.
Como identificar um vinho mineral?
Não é algo que se aprende da noite para o dia, mas com treino e atenção, você começa a perceber. Alguns sinais comuns:
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Aromas sutis, como giz, pedra, casca de ostra, fósforo queimado.
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Textura firme, com acidez afiada e final seco.
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Sensação salgada ou de boca limpa, como água mineral com gás.
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Pouco ou nenhum uso de madeira nova, para que o terroir fale mais alto.
Você encontrará esse perfil especialmente nos brancos borgonheses, mas alguns tintos da Côte de Nuits também apresentam mineralidade, com notas terrosas, de grafite e um certo frescor e vivacidade.
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