Entenda as nuances da uva mais emblemática da Borgonha — e prepare-se para degustar com consciência
O Chardonnay é a alma branca da Borgonha. Se no Novo Mundo essa uva costuma ser tratada de forma padronizada, na Borgonha ela se revela em toda sua complexidade, refletindo com precisão o terroir de cada vilarejo, vinhedo e microclima.
E poucas experiências são tão fascinantes quanto provar um Chardonnay de Chablis, ao norte da Borgonha, e depois um de Meursault, mais ao sul, na Côte de Beaune. Ambos vêm da mesma uva — mas o sabor, a textura e a personalidade são completamente diferentes.
Neste artigo, explico por que o Chardonnay muda tanto dentro da própria Borgonha e como você pode aproveitar isso para degustar melhor, comprar com mais segurança e planejar visitas enriquecedoras.
Chablis: mineralidade pura e frescor cortante
Ao norte da Borgonha, quase na divisa com a Champanhe, o Chardonnay de Chablis é conhecido por sua acidez vibrante, corpo leve e aromas cítricos.
Seu solo rico em fósseis marinhos (Kimmeridgiano, que a idade da época Jurássica Superior) confere ao vinho uma mineralidade marcante, quase salgada. O uso de barrica é mínimo ou ausente — o que destaca ainda mais a pureza do vinho.
🍋 Notas comuns: limão siciliano, maçã verde, pedra molhada.
🥂 Estilo: seco, afiado, refrescante. Ideal com frutos do mar e ostras.
Meursault: elegância, textura e complexidade
Já na Côte de Beaune, Meursault oferece uma interpretação bem diferente do Chardonnay: mais rica, cremosa e envolvente. Aqui, o uso de madeira é mais presente (mas sempre com equilíbrio), e os vinhos ganham volume e untuosidade, sem perder frescor.
🌰 Notas comuns: manteiga, avelã, maçã assada, flores brancas.
🍷 Estilo: encorpado, macio, profundo. Excelente com aves nobres, queijos macios e peixes assados.
O segredo está no terroir
A mesma uva. Duas expressões completamente distintas. Isso é o poder do terroir da Borgonha: solo, clima, exposição solar, altitude e, claro, o toque do produtor.
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